segunda-feira, 8 de setembro de 2014

mundo mundo vasto mundo


Primeiro  um vídeo sobre família.
Na sequência uma postagem da Cora Ronai, dizendo "Famílias não deviam nunca morar em países diferentes..."
Então uma dor miúda vibrando lá dentro, cansada. De ser dor sem conserto, de doer sendo inútil.

Mundo mundo vasto mundo.
A gente pare os filhos, a gente cuida, a gente quer perto. A gente quer a mão ao alcance do toque. A gente quer passar no fim da tarde para um café, saber como vai tudo. A gente quer estar junto no dia do aniversário.

Mas há a vida, e a vida leva pra outros cantos, a gente até vibra.  Porque a gente pare os filhos, a gente cuida, a gente quer que sejam felizes, a gente deixa que eles partam - até porque não nos cabe outra escolha. E eles se vão, confiantes, viver outras coisas, o amor da gente olhando de longe, vibrando com as conquistas, de prontidão para as eventuais derrotas. A gente aceita.

Porém.

A dor miúda. Cansada de ser dor, vira conformação - mas uma conformação rasteira, quase falsa.

E às vezes eles vão pra voltar, a gente sabe, é mais simples. Noutras eles fincam raízes, então é nunca mais.

É normal, a gente entende, a gente sabe. Que a gente pare, a gente cria, a gente cuida, a gente apoia, a gente os quer felizes. A felicidade deles é a nossa.

Mentira.

Porque os Natais nunca serão os mesmos - sempre faltará um ou outro ou tantos.
Que nunca mais será possível abraçar todos e chorar no primeiro minuto do ano.
E isso dói.

Porque os filhos crescem e o amor por nós se transforma, o deles.
Mas o amor de mãe, este não muda. Inda que a gente saiba que há um mundo vasto adiante e que é natural que assim seja. Inda que a gente entenda que agora eles têm outros apelos e amores e outra vida. Inda que a gente saiba, desde que os colocou no mundo, que assim seria.

Inda assim, dói. Mesmo que a gente não se descabele, dói. Mesmo que a gente diga "tudo bem", está doendo.

Que o sonho que havia era outro: todos juntos. E o sonho não é mais possível. E o coração será para sempre fragmentado e frágil, dentro e fora tudo dolorido, mesmo quando a gente dá um abraço, um sorriso, e diz pro filho: Vai!


"Mundo mundo vasto mundo
Mais vasto é o meu coração."




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